quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

EAMPE - AM-082 - Por Cláudio Pereira

Era o término do segundo período de aulas da EAMPE. Estava ancioso para rever meus familiares em Maceió. Tinha pouco mais de Cr$ 10.000,00, e a passagem do ônibus convencional,  custava Cr$ 6.500,00.

Cheguei na Rodoviária do Recife com uma única cédula de CR$ 10.000,00. Era cerca de 19 horas e o ônibus saíria 21h15min. Quando me dirigi ao guichê um senhor se aproximou e ofereceu uma passagem do carro leito que custava  cerca de CR$ 13.000,00. Havia desistido da viagem. Falei para ele que gostaria de comprar, mas naquele momento só tinha Cr$ 10.000,00. Ele falou que não tinha problema, venderia por Cr$ 10.000,00.

O funcionário da empresa comfirmou a autencidade do bilhete. Às 21h40min estava saíndo do Recife com destino a Maceió. Carro leito, naquela época era para a elite. Fiquei extasiado com o luxo e o conforto do ônibus, tinha até cinto de segurança (coisa rara para a época) ao qual imediatamente me prendi.

Meu tormento começou quando chegamos a uma parada rotineira para um lanche. Foi aí que me dei conta que estava com fome e sem nenhum centavo no bolso. "Meu Deus! Que besteira eu fiz." - pensei.

Não desci do ônibus. Pela janela via os passageiros e o motorista lanchando e a minha fome só aumentava. Quando estavamos próximo a Maceió tentei desprender o cinto de segurança. Uma onda de pavor tomou conta de mim, não sabia como soltá-lo. "Meu Deus, me ajude!" - pensei. Depois de vários minutos angustiantes consegui me livra do maldito.


Mas meu tormento não acabou aí. Já era madrugada quando desembarquei na Rodoviária de Maceió, no "Bairro do Poço". Minha família morava em Rio Largo, à cerca de 50 minutos. Nesse horário não havia transporte para lá, e mesmo que tivesse, como iria se não tinha um centavo. Em Maceió só tinha um cunhado (noivo de minha irmã) que morava no bairro Vegel do Lago.

Fardado de aprendiz-marinheiro botei "sebo nas canelas" e dirigi-me para sua casa. Atravessei à pé os bairros: Poço, Centro, Ponta Grossa até chegar no Vegel do Lago, isso sem contar que de tempos em tempos passava por mim uma viatura da PM, com policiais mal encarados, me olhando de esguelha. 

Quando meu cunhado me recebeu e lhe falei meu drama ele falou: "Você deveria ter pego um táxi que eu pagaria". É... mas diante de tanto azar, e se eu não o encontrasse?  

AM-082 Cláudio Pereira

2 comentários:

  1. Este seu caso lembra-me de nossa primeira viagem de adestramento no ARI PARREIRAS.Nós recebemos uma pequena ajuda de custo que gastei logo quase toda em Natal,r quando chegamos em Fortaleza já estava quase a zero.Fomos a uma boite que jamais esqueci o nome ( FASCINAÇÃO)e eu que não estava acostumado a beber já estava meio alto quando uma coroa loura perguntou-me se poderia sentar-se a nossa mesa ;falei com os outros que estavam comigo não lembro bem quem estava mas se não me engano o 300 AM TOME estava e eles concordaram;Fiquei ali sentado com a loira e ela só pedindo doses e mais doses! na hora de pagar a conta juntando o meu dinheiro com o dos outros não daria para pagar.como havia sido eu o responsavél pela vinda da coroa para nossa mesa fiquei com medo da patrulha vir a ser acionada e eu ser preso por conta disto pois a dona do bordel queria receber a conta.Deu-me uma crise de choro e quando a dona perguntou o que foi eu disse que estava com uma dor que devia ter sido causada pela comida servida;me levaram para um quarto deram-me um chá de marcela vomitei até o bofe mas continuei a fingir a dor.Com medo que eu piorasse ali pois eu afirmava que tinha sido a comida que havia causado a dor , a dona da boite mandou me botar em um carro e levaran-me para o navio e ninguem pagou a conta. Quem lembra disto e estava junto comigo? AM-125 SOBRAL

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  2. Amigo Audído Sobral - Indiano-125

    Quantos de nós não tem uma sequer "orelhada" dessa para relatar?

    Somente não tem, quem marujo não foi!

    Um abraço,

    Ângelo Andrade - Indiano-013

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