sábado, 3 de março de 2012

JUNTE ANSIEDADE COM SAUDADE, por Manoel Julião

                                   JUNTE  ANSIEDADE COM  SAUDADE

  vem eu com minhas recordações, com meus impulsos de saudade. Meus irmãos peço desculpas se vou ser inconveniente, mas a partir de hoje já começo com minha ansiedade com os sentimentos a flor da pele, tudo isso porque vou encontrar com a maioria de vocês, faltam apenas 7 dias que vai ser um martírio para mim, eu sou bobo mesmo, eu sinto por todos vocês meus irmãos, é um apreço muito grande, não somos irmãos de sangue, mas somos irmãos de coração.
O evento de nossa turma deve ser inédito em nossa querida Marinha. Quando lembro o nosso começo nos idos de 1968, éramos todos estranhos um com o outro. Não sabíamos de nada, quando entramos naquele portão e fomos apresentados  na sala de estado, começou uma nova era nas nossas vidas de jovens tão cheios de esperança e futurando uma perspectiva de vida melhor, não tínhamos família rica mais ali estávamos todos para servir a pátria. Levamos o nosso banho de detefon, não tínhamos costume de comer em bandeja, alguns nem sabiam comer de garfo, éramos uns BATRAQUIOS como nos chamava CB-FN Jarbas. Com os calções mescla e camiseta de mangas ficávamos zanzando de um lado para o outro, não sabíamos  o que viria pela frente. Recebemos uniformes, marcamos com nosso número. Quem tinha família em Recife mandou recortar as bermudas, quem não tinha usava de qualquer jeito, bermuda batendo no joelho, com aquelas duas fivelas do lado para apertar. Eu fecho os olhos e lembro de todos formados no recreio coberto para entrarmos no rancho, o monitor de serviço ficava gritando o número do grupo que ia entrar, conforme a tabela de serviço. O nosso tempo era tão pouco, tínhamos que levar uma vida de disciplina senão perdíamos o final de semana em terra. Na sexta-feira a tarde todos sem camisa, era regime de sexta, cada um dirigia-se para sua incumbência para fazer a sua faina. Depois banho e uniforme para irmos para terra, como era legal aquela vida sofrida, cheia de rotinas e disciplinas. Se acontecia da Escola ficar de prontidão, com fuzis ensarilhados no recreio coberto, não sabíamos que estava acontecendo uma revolução lá fora, não sabíamos de nada, inocentes adolescentes, só depois que saímos da escola foi que viemos saber o que acontecia na Marinha.

Tempos depois já estávamos todos entrosados, já falávamos as gírias usadas na Marinha. A Escola era nossa casa, já conhecíamos tudo, já sabíamos nos safar, dificilmente ficávamos na onça. E assim terminamos o nosso curso. Cada um com o seu saco branco de viagem com aldabra na boca partimos para o destino que escolhemos, cada um fez a sua vida, uns deram baixa como eu (11 anos) outros galgaram os seus postos, aproveitaram as oportunidades que a Briosa proporcionou. Daquela adolescência cheia de entusiasmo e esperança, estamos hoje todos juntos, senhores com sessenta anos ou mais, alguns com netos, mais graças a Deus somos homens de bem, cada um com suas famílias, vivendo bem o razoavelmente bem, os que ficaram pelo caminho não deve culpar a Marinha e nem os que aproveitaram oportunidades que apareceram, todos tiveram a mesma chance, e eu tenho muito orgulho de todos, todos são meus queridos amigos de adolescência, e eu todos os dias peço a Deus muito saúde para meus irmãos indianos. E nas minhas preces peço muito a Deus pelo restabelecimento do no querido Indiano Camelo.
Só quero dizer aos meus queridos amigos, que sempre serei o AM-207, da Turma INDIA/68-69 de Pernambuco, ninguém vai me tirar esse prazer, se daqui  a 100 procurarem nos anais da EAMPE, quem foi AM-207/Turma-68-69 – Sou eu Manoel Julião Neto, com muito orgulho.

Até  o dia 10 queridíssimos irmãos INDIANOS.
AM-207 -  MN-ES -69.3272.38 – Manoel Julião Neto