quarta-feira, 23 de março de 2011

LIVRO DA TURMA ÍNDIA - ENCONTRO DE DOIS IRMÃOS INDIANOS - Por Manoel Julião

AM-207 - O ENCONTRO DE DOIS IRMÃOS INDIANOS


Em 1981 prestei concurso para escriturário  do BANDERN (Banco do Estado do Rio Grande do Norte). Passei, fui designado para trabalhar na cidade onde nasci, Pedro Avelino, mas me criei em Natal.

Já tinha muita experiência do curso de Escrita e Fazenda, logo me adaptei a burocracia do Banco  galguei promoções dentro da Empresa, exerci as atividades de caixa,  chefe seção de cobrança e descontos e empréstimos de pessoas físicas e empresas rurais e, finalmente, sub-gerente. Isto era o ano de 1985.

Em cidades pequenas do interior as novidades correm rápidas, e logo soube que tinha chegado um médico novo na cidade, mandado pelo governo estadual. Na época todos os funcionários do estado do RN recebiam seus  salários no BANDERN. Passava do meio dia quando entrou aquele senhor quase da minha idade vestido de branco, apresentou-se dizendo:

- Sou o novo médico da cidade e quero  abrir uma conta corrente.

O levei até a recepcionista da agência para atender no que o médico precisava. Voltei e sentei na minha mesa, dizendo comigo mesmo: "Eu conheço esse cara não sei de onde". Eu olhava para ele e ele olhava para mim, era um namoro meio esquisito, nós não parávamos de olhar um para o outro.

O dito medico  alugou uma casa vizinha à agência do Banco para morar com sua família. Todos os dias pela manhã quando eu chegava à agência para trabalhar ele também estava saindo para o hospital e havia um cumprimento entre nós. Mas a Cara daquele médico não saía da minha mente. Já fazia dias que eu vinha com aquilo martelando minha cabeça.

Sempre dormi  tarde, as vezes lendo as vezes assistindo televisão. Numa dessas noites eu lembrei quem era o médico era AM-098  Aldeci Andrade da Silva. Rapidamente fui acordar minha esposa para dizer que tinha lembrado que o médico tinha sido Aprendiz-Marinheiro comigo em Recife. Isso era uma sexta-feira,  e no outro dia era sábado, eu tinha sido convidado para ir um aniversário num sítio perto da cidade.

Quando cheguei ao aniversário ele já estava, quando me viu, levantou-se de onde estava sentado e veio me encontrar na porta do carro, dizendo: eu me lembrei de você, e eu lhe disse a mesma coisa. Nossos olhos dançavam de felicidade, éramos como duas crianças que tinha ganhado o seu brinquedo preferido. Apresentamos nossas esposas e ficamos a recordar a nossa adolescência na Querida Escola de Aprendizes-Marinheiros de Pernambuco.

Naquele sábado não nos largamos. Lembrei-lhe que no dia que chegamos à Escola, que depois do burrifamento de defon, fomos tomar banho no banheiro do pátio n°1, roubaram o relógio dele, e ele não lembrava.

Ele me falou que tinha cursado aviação em São Pedro da Aldeia, que tinha feito concurso para a Vale do Rio Doce, mas quem passou foi duas loiras bonitas. Pediu licenciamento e veio embora para sua terra Areia Branca/RN. Passou no vestibular para agronomia, abandonou no meio do curso, não gostou.

Formou uma banda onde tocava guitarra e cantava. Enamorou-se de uma fã, e ela ficou grávida, e ele abandonou a vida de artista, rodou quase todas as cidades do RN e CE, chegou a cantar até nas televisões do Fortaleza.

Ficou sem rumo, tinha que fazer alguma coisa para dar uma vida melhor a sua família, meteu a cara nos livros (queimar) até altas horas da noite, passou no vestibular de medicina, e com ajuda da família dele e da esposa, consegui se formar, e era clínico geral.

Nossas famílias se deram muito bem, conheci os pais e o irmão dele. Ele também conheceu os meus. Fizemos muitas brincadeiras juntos, como os irmãos Indianos devem ser.

Passou pouco tempo em Pedro Avelino, acho que um ano e meio. Ofereceram-lhe mais vantagens na cidade de Mossoró e ele foi embora. Pelas ultimas noticias que soube dele ainda estava em Mossoró trabalhando no Hospital Tarcisio Maia e tinha consultório montado, e que sua situação era muito boa, o que me deixa muito satisfeito pelo bem estar de um amigo Indiano.

AM-207 – Manoel Julião Neto

terça-feira, 8 de março de 2011

LIVRO DA TURMA ÍNDIA 1968-1969 DA EAMPE - Por Wanderley Costa

"TOUCA" CASUAL

Eu estava embarcado da gloriosa Corveta "Forte de Coimbra".

Em meados de 1984 o navio fazia sua comissão anual a África. O porto era Matadi, cidade do Zaire, hoje República do Congo.

Na época, além de telegrafista-chefe, acumulava as funções de mestre d'armas daquela saudosa embarcação.

Era sexta-feira, por volta das 18 horas, resolvi dar aquele famoso "soco”. Fui desacompanhado, pois o meu "campanha" estava de serviço naquele dia.

Encontrei um restaurante com visão altamente panorâmica, no qual era bastante convidativo a tomar uma cerveja geladinha.

Não falava o idioma local, o francês.

Observei um casal conversando em português, aproximei-me e fizemos amizade. Ele era de Portugal e já havia residido no Brasil por alguns anos. Confessou-me que sentia muita falta da cozinha brasileira, principalmente da feijoada.

Convidei o casal para no dia seguinte almoçar a bordo. Pensando que se tratava de pessoas comuns, deixei para solicitar, ao imediato do navio,  permissão para as suas entradas após a chegada do referido casal.

Era um sábado, passava das 10 horas, quando o fonoclama anunciou: "Mestre d'armas, comparecer à praça d'armas com urgência".

Para meu espanto, deparei-me com uma cena de alto nervosismo por parte dos oficiais de bordo, inclusive o chefe da força que se encontrava no navio.

Antes que eu entrasse na praça d'armas, o imediato foi comigo até o cais do porto, onde estava estacionado um "mercedão", no qual tinha afixadas em seus pára-lamas dianteiros duas bandeiras, uma do Zaire e outra de Portugal.

Resumindo: Eu havia convidado o cônsul de Portugal para bordo.

O imediato mandou que me recolhesse aos aposentos e dias depois perdi a minha função de mestre d'armas como também advertido a conhecer melhor as pessoas com quem me deparasse  na rua.

HISTÓRIA DA TURMA ÍNDIA - Por Abaeté do Cordel

terça-feira, 1 de março de 2011

LIVRO DA TURMA ÍNDIA - OS FOMINHAS POR FUTEBOL - Por Manoel Julião

AM-207 – Manoel Julião Neto



Os fominhas por futebol ainda estavam batendo bola no campo, por trás do ginásio de esportes da Escola. (Estou citando o campo, porque também tinha o campo do carrapicho). A pelada estava acirrada, estava empate, então o CB-MR - Santos Rego, tocou o apito e anunciou no boca de ferro:

- Banho e uniforme.

E o empate continuava, nada de ninguém parar com a pelada, tocou "Bandeira", cada um saiu correndo para um lado, para se esconder, e só aparecer depois da bandeira arriada. Uns correram para adriça, eu como era muito do folgado, sai andando calmamente, e ainda por cima fui tomar banho no banheiro dos (zerinhos) agregados, o que era proibidissimo, quando na porta apareceu, o SG-EP - Wilton, mais conhecido por Broxinha, que foi logo dizendo:

- Natal, como você é meu cafiado, vou  dar duas opções para você escolher; A primeira colocar você no livro de castigo, e a segunda é você vestir a roupa e ir comigo até a pista de corrida dar 10 voltas e depois rolar na areia. O que você escolhe?

Eu como tinha uma namorada no bairro do Barro, por trás do Cemitério do Russo, não tive escolha, dei as 10 voltas na pista e depois rolei na areia da pista. Suado e todo sujo de areia, fiquei enrolando por ali por perto da enfermaria até o alojamento abrir. Tomei um banho com a mangueira da descarga do banheiro e quando cheguei no rancho já tinha dado volta, fui esperar pelo café com pão doce, às 21 horas, para então dormir.



MEU SABONETE

O dinheiro que recebia da Escola era curto, eu fazia muitas economias, de modo a juntar o dinheiro da passagem para ir namorar. O que eu fazia: Todo o pedaço de sabonete que encontrava dentro do banheiro, eu juntava e pregava um no outro. Meu sabonete tinha todas as cores, e pesava uns 400 gramas. Quando terminou o curso deixei aquela bola de sabonete dentro armário como recordação.


CHEIRO DA ESCOLA

Não sei porque, quando sinto cheiro de chulé e de roupa suja, eu lembro do meu armário na querida Escola de Aprendizes-Marinheiros de Pernambuco.



EI DE TE AMAR ATÉ MORRER


Esse amor que não esqueço
E que teve seu começo
Foi num dia de São João
Foi amor á primeira vista
Foi um amor de paixão
Não como amor de artista de televisão
Que só termina com traição.


Tu não eras Iracema
Tu não eras Diacui
Tu não eras Potiguara
Tu não eras uma Índia qualquer
Tu és o amor de minha adolescência
Tu és o amor de minha juventude
Tu és o amor de minha vida adulta
Tu és o amor de minha velhice
Tu és o meu amor até em quanto á vida durar.


                                   
                                                            AM-207 – Manoel Julião Neto (Natal)