AM-207 – MANOEL JULIÃO NETO
MINHAS SAUDADES
Caros irmãos Indianos, hoje, Dia das Mães, amanheci com o meu saudosismo aflorado, lembrei muito da minha Mãe, a qual Deus já levou para o Céu. Pessoa que me deu tanto apoio nas horas ruins e boas da minha vida, e também me deu a maior força nas investidas que eu me propus a fazer.
Também vieram á tona os meus colegas de infância, que correram comigo na beira da Praia do Meio, em Natal. Pescando, jogando bola e fazendo todas as espécies de travessuras que uma criança criada solta com o mar imenso e bonito a sua frente, ás vezes azul, ás vezes verde, com forte dos Reis Magos de sentinela tomando conta da boca da barra. Como eu era feliz com aquela vida tão humilde mais tão boa.
Ai chega a minha cabeça meus amigos que viveram comigo aquele lazer proporcionado pela natureza. Dentre esses amigos estão: o AM-212 - JOSÉ WILSON PEREIRA PINTO e o AM-006 - LUIZ GONZAGA DE MIRANDA FRANÇA que pediu desligamento ainda na escola.
Nesse dia de tristeza para mim, vêm as mais lindas lembranças da minha adolescência que foi a Escola de Aprendizes-Marinheiros de Pernambuco (EAMPE). O que para uns foi sofrimento, para mim foi aprendizado de vida, onde eu aprendi a ser homem, a cumprir ordens e me tornar um cidadão correto, e poder passar aos meus filhos e netos os ensinos que a vida militar me proporcionou.
Hoje, com 61 anos, ainda sonho que estou na EAMPE. Quando acordo é que vejo a realidade e fico decepcionado. É a realidade da vida.
Passado tanto tempo ainda me lembro de cada local da Escola. Uma das minhas maiores lembranças é o portão do ETA, onde ia chorar lembrando-me de casa, vendo o rio Capibaribe correndo manso e o sol se escondendo no poente. Só voltava a mim quando escutava o toque para formar para a arriação da Bandeira Nacional.
Lembro da faxinaria do meu grupo que ficava no campo de futebol em baixo da arquibancada. O meu local de faxina mudava muito. Fui encarregado do banheiro da piscina, do corredor do recreio coberto até a sala de estado, da praça atrás da cantina onde existia uma grande âncora. Neste local o meu irmão, Indiano BELTRÃO, tirou uma foto e a colocou no livro “VIDA DE MARINHEIRO”. Também fui encarregado da Praça do Macaco.
O meu armário ficava logo na entrada do alojamento, com aquele mar de beliches de ferro e lonas estiradas para descansarmos nossos corpos cansados depois do estudo obrigatório, sem antes tomar chá mate com pão doce. Depois do período de adaptação, café.
Por onde andará meu amigo Zerinho, o qual tinha o apelido de Panela. Jogava futebol comigo. Quando ele estava trabalhando na Praça D’armas sempre deixava uma lata com sobras das refeições dos oficiais para mim, em um coqueiro existente atrás da enfermaria. Um amigo de verdade.
Será que ainda existe a chaminé da fabrica Tacaruna? Quando eu estava de serviço no posto 3, ela sempre estava na minha frente.
Será que ainda há o campo do Carrapicho? Aquele onde tanto rastejei sob o comando do SG-FN - LEITE.
Onde andará o nosso professor de boxe, Tião? Alegre e falando um português errado, mas com um coração tão grande. Era tio do AM-039 - JORGE. A imponente fragata construída de cimento para nossos treinamentos. O Cabo SANTOS REGO que foi meu instrutor de Apito e de Marinharia, tinha orgulho de ser MR e o Suboficial (SI) - MOURÃO, meu instrutor de Sinais de Bandeira.
Ah, meu Deus! Quanta saudade eu tenho do café da manhã do domingo, leite com Todd e batata doce. No entanto, a vontade era comer um pão com ovo como minha Mãe preparava para mim, não agüentava mais aquele mingau matinal.
Como foi embora cedo meu amigo o AM-007 - MOREIRA, que tanta guerra eu fiz com ele, o chamando de Popeye e Deus já o levou. O meu amigo AM-287 - ELIONAI tocava o tarol com maestria e nós todos corríamos para não chegarmos à formatura atrasado na parada.
Saudades do meu amigo AM-010 - CIRÍACO, que eu o chamava de lingüiça e que jogava no Tubarão comigo, também já partiu para o céu, e do AM-492 - DIAS FILHO, que chamávamos de bobinho, meu amigo de conversar besteira.
Como eu sinto saudade de tudo. Sou saudosista inveterado quando me recordo: do ZEBEDEU só de cuecas, engraxando os sapatos de passeio e cantando as músicas de Nelson Ned: "Que tudo passa tudo passara"; de nós da Turma Índia sentados no chão do recreio coberto assistindo o programa do Chacrinha; e do ginásio de esportes quando arriavam a tela para assistirmos o filme, todos sentados no meio da quadra.
Nos domingos o Capelão Borba abria uma porta dentro do ginásio de esportes, a qual se transformava em altar, e ali assistíamos a missa dominical. Foi nesse cenário que o capelão me crismou. Meu padrinho foi o CB-TM - LUIZ PEDRO. Por onde andará meu padrinho?
São essas coisas que não entendo nas nossas vidas. As pessoas com quem fizemos tanta amizade e que queremos tanto bem, nos separamos. Os amigos com quem servi nas organizações militares da Marinha, a quem nunca mais vou ver. É pensando nesses acontecimentos que vou ficando mais triste a cada dia. Às vezes tento não pensar muito, sou muito emotivo, é coisa minha, são meus sentimentos que me deixam fragilizado.
Faz mais de 25 anos que não vou à Praia do Meio, não me sinto bem. Aqueles lugares onde fui criança, hoje viraram uma "selva de pedra", os gringos tomaram conta da orla de Natal. Também não tenho coragem de ir visitar a Escola de Aprendizes- Marinheiros onde fui muito feliz. Sei que no nosso próximo encontro em João Pessoa vou ter as mesmas atitudes de chorar e de abraçar os meus queridos irmãos Indianos.
Também vieram á tona os meus colegas de infância, que correram comigo na beira da Praia do Meio, em Natal. Pescando, jogando bola e fazendo todas as espécies de travessuras que uma criança criada solta com o mar imenso e bonito a sua frente, ás vezes azul, ás vezes verde, com forte dos Reis Magos de sentinela tomando conta da boca da barra. Como eu era feliz com aquela vida tão humilde mais tão boa.
Ai chega a minha cabeça meus amigos que viveram comigo aquele lazer proporcionado pela natureza. Dentre esses amigos estão: o AM-212 - JOSÉ WILSON PEREIRA PINTO e o AM-006 - LUIZ GONZAGA DE MIRANDA FRANÇA que pediu desligamento ainda na escola.
Nesse dia de tristeza para mim, vêm as mais lindas lembranças da minha adolescência que foi a Escola de Aprendizes-Marinheiros de Pernambuco (EAMPE). O que para uns foi sofrimento, para mim foi aprendizado de vida, onde eu aprendi a ser homem, a cumprir ordens e me tornar um cidadão correto, e poder passar aos meus filhos e netos os ensinos que a vida militar me proporcionou.
Hoje, com 61 anos, ainda sonho que estou na EAMPE. Quando acordo é que vejo a realidade e fico decepcionado. É a realidade da vida.
Passado tanto tempo ainda me lembro de cada local da Escola. Uma das minhas maiores lembranças é o portão do ETA, onde ia chorar lembrando-me de casa, vendo o rio Capibaribe correndo manso e o sol se escondendo no poente. Só voltava a mim quando escutava o toque para formar para a arriação da Bandeira Nacional.
Lembro da faxinaria do meu grupo que ficava no campo de futebol em baixo da arquibancada. O meu local de faxina mudava muito. Fui encarregado do banheiro da piscina, do corredor do recreio coberto até a sala de estado, da praça atrás da cantina onde existia uma grande âncora. Neste local o meu irmão, Indiano BELTRÃO, tirou uma foto e a colocou no livro “VIDA DE MARINHEIRO”. Também fui encarregado da Praça do Macaco.
O meu armário ficava logo na entrada do alojamento, com aquele mar de beliches de ferro e lonas estiradas para descansarmos nossos corpos cansados depois do estudo obrigatório, sem antes tomar chá mate com pão doce. Depois do período de adaptação, café.
Por onde andará meu amigo Zerinho, o qual tinha o apelido de Panela. Jogava futebol comigo. Quando ele estava trabalhando na Praça D’armas sempre deixava uma lata com sobras das refeições dos oficiais para mim, em um coqueiro existente atrás da enfermaria. Um amigo de verdade.
Será que ainda existe a chaminé da fabrica Tacaruna? Quando eu estava de serviço no posto 3, ela sempre estava na minha frente.
Será que ainda há o campo do Carrapicho? Aquele onde tanto rastejei sob o comando do SG-FN - LEITE.
Onde andará o nosso professor de boxe, Tião? Alegre e falando um português errado, mas com um coração tão grande. Era tio do AM-039 - JORGE. A imponente fragata construída de cimento para nossos treinamentos. O Cabo SANTOS REGO que foi meu instrutor de Apito e de Marinharia, tinha orgulho de ser MR e o Suboficial (SI) - MOURÃO, meu instrutor de Sinais de Bandeira.
Ah, meu Deus! Quanta saudade eu tenho do café da manhã do domingo, leite com Todd e batata doce. No entanto, a vontade era comer um pão com ovo como minha Mãe preparava para mim, não agüentava mais aquele mingau matinal.
Como foi embora cedo meu amigo o AM-007 - MOREIRA, que tanta guerra eu fiz com ele, o chamando de Popeye e Deus já o levou. O meu amigo AM-287 - ELIONAI tocava o tarol com maestria e nós todos corríamos para não chegarmos à formatura atrasado na parada.
Saudades do meu amigo AM-010 - CIRÍACO, que eu o chamava de lingüiça e que jogava no Tubarão comigo, também já partiu para o céu, e do AM-492 - DIAS FILHO, que chamávamos de bobinho, meu amigo de conversar besteira.
Como eu sinto saudade de tudo. Sou saudosista inveterado quando me recordo: do ZEBEDEU só de cuecas, engraxando os sapatos de passeio e cantando as músicas de Nelson Ned: "Que tudo passa tudo passara"; de nós da Turma Índia sentados no chão do recreio coberto assistindo o programa do Chacrinha; e do ginásio de esportes quando arriavam a tela para assistirmos o filme, todos sentados no meio da quadra.
Nos domingos o Capelão Borba abria uma porta dentro do ginásio de esportes, a qual se transformava em altar, e ali assistíamos a missa dominical. Foi nesse cenário que o capelão me crismou. Meu padrinho foi o CB-TM - LUIZ PEDRO. Por onde andará meu padrinho?
São essas coisas que não entendo nas nossas vidas. As pessoas com quem fizemos tanta amizade e que queremos tanto bem, nos separamos. Os amigos com quem servi nas organizações militares da Marinha, a quem nunca mais vou ver. É pensando nesses acontecimentos que vou ficando mais triste a cada dia. Às vezes tento não pensar muito, sou muito emotivo, é coisa minha, são meus sentimentos que me deixam fragilizado.
Faz mais de 25 anos que não vou à Praia do Meio, não me sinto bem. Aqueles lugares onde fui criança, hoje viraram uma "selva de pedra", os gringos tomaram conta da orla de Natal. Também não tenho coragem de ir visitar a Escola de Aprendizes- Marinheiros onde fui muito feliz. Sei que no nosso próximo encontro em João Pessoa vou ter as mesmas atitudes de chorar e de abraçar os meus queridos irmãos Indianos.